sexta-feira, 13 de maio de 2011

Brisky

Porco assado. Era esse o cheiro que me chegava às narinas… Mas espero que não estejas com fome, pois porco não era – embora grunhisse feito um -: era uma mulher - e uma belíssima mulher, diga-se de passagem.
Seus belos e expressivos olhos verdes – tão verdes quanto o mar – mostravam dor e horror extremos: arregalaram-se de forma aterrorizante, expondo grande parte dos globos, abrindo bem mais os olhos do que qualquer ser humano comum poderia, devido às pálpebras que se desmanchavam. Isso antes de eles derreterem, vazando de suas órbitas.
Os sedosos, longos e ondulantes cabelos castanhos – que antes esvoaçavam ao vento – eram consumidos pelas chamas, encolhendo e encrespando-se involuntariamente, chegando à cabeça e liberando um cheiro terrível.
A boca de pétalas de rosa, juntamente com a branca e macia pele de pêssego, enegreciam e enrugavam-se, tomando um aspecto de velho e podre. E do velho surgiu o vermelho. Vermelho dos músculos, que foram rapidamente chamuscados.
E todos os líquidos que a constituíam foram tragados, fervilhando e evaporando – queimando-a de dentro para fora -, murchando seu antes belo e perfeito corpo.
Queimada viva, acusada de bruxaria - esse era o motivo de seu brutal assassinato –, seu corpo estalava enquanto o fogo a devorava.
E os gritos… Ah, os gritos! Ainda os ouço! Inundam a minha mente e a estremecem. Ainda mais durante as noites… - não mais poderei dormir… e, se fecho os olhos por um instante que seja, a vejo se decompondo, consumida pelas chamas… uma cena demoníacamente insuportável…
Ao redor, as pessoas olhavam. Simplesmente olhavam, sem nada fazer. Alguns, ainda, incitavam o ato e gargalhavam. Podia-se ver, claramente, o deleite em seus olhos. Eram como demônios que se alimentavam do sofrimento e dor dos outros.
E o próprio diabo, ali disfarçado, se personificava: vestes brancas, terços e cruzes de ouro incrustrados de pedras preciosas – contradizendo bruscamente com a pobreza e miséria do lugar – e aquele olhar sereno que somente os psicopatas conseguem manter frente à tamanha barbárie. Além disso, podia-se ver estampado em seu rosto um sutil sorriso. Tão leve que passaria despercebido. E vieram dele as acusações contra a bela jovem.
Jovem da qual pouco sabia. A vi umas poucas vezes no vilarejo. Mas ouvi que era da casa de Brisky, família importante e influente no local.
Ouvi, também, que ensinava populares a ler e que alguns religiosos estavam irritados com isso. Conhecimento é libertação, coisa que a igreja não quer para os seus seguidores. Seus olhos seriam abertos e ela – a igreja – perderia o controle.
Mas até onde os boatos seriam verdadeiros? Posso confiar nos meus critérios de julgamento?
Só sei que agora a vejo queimar após ter visto todo o seu sofrimento. E também vejo o sorriso do arcebispo e o entusiasmo de quem assistia.
Com o vento vem, novamente, o cheiro de porco assado. E dessa vez me dá fome...

4 comentários:

  1. OKASOKSAKOASKOAS CRÉDO MANOW, Q FOME OQ!


    Bem descritivo em! O_O adorei!
    Pobres bruxas ... :\
    horrível saber que isso realmente acontecia.

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  2. hauhuauhuhahhahahuahua
    né?
    mas tlvz haja mais por vir...
    ;D

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  3. Não sabia que sofreria tanto... hauhau

    Excelente! Sem mais.

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  4. hauhuahuhauhua
    tadiiinha da fabiii!
    >.<
    torrei ela... huhuhauhauhuaa

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