terça-feira, 17 de maio de 2011

Vagando...


Como o das formigas, o movimento é incessante
Vem…
Vão…
Carros e pessoas
- Em vão?
Em meio à multidão, sigo sem ser notado

A luz nos chega timidamente
Prédios cinzentos cobrem o azul do céu
- Fumaça e poeira.
O sol não pode ser visto.

Motos, ônibus e carros cruzam as ruas
Até que os sinais parem suas passagens
E, pela faixa,
- uma zebra deitada no chão –
Prossigo

Uma flecha prateada fura o vermelho:
Um carro que por pouco não me acerta
- E ainda buzina, como se errado estivesse eu
Ignoro-o e continuo

Presto mais atenção ao lugar:
Há algumas poucas e belas árvores,
O que contradiz com a aparência do lugar,
Mesmo assim se harmonizando com o cinza das árvores de concreto

Outras cores se juntam à mistura:
Letreiros multicoloridos, faixadas, cartazes, semáforos, painéis, telões…

E, para terminar a pintura, a beleza dos seres:
Belas mulheres que vem e que vão,
Balançando os seus lindos corpos,
Homens bem vestidos e afeiçoados,
E grandes e pequenos animais
- Todos sem me notar.
E sem se notarem

Mais à frente, em meu caminho,
Noto que o futuro presente dos fatos
É uma contínua repetição do passado:
Aparentemente, os mesmos prédios,
As mesmas cores,
As mesmas pessoas,
Os mesmos cães…
Até um homem, vestido igual a mim, quase é atropelado sobre a faixa
- E por um carro cinza.
Só que este homem o xinga
“um bêbado avançando o sinal…”

Algo novo, dessa vez:
O cheiro
Cheiro de assado
Sinto fome
Mas vejo que estou sem a minha carteira…

E por falar nisso:
- Quem sou?
Aperto o passo e outra questão me vem:
- De onde vim e onde estou?
Apenas acordei há pouco…
- E para onde vou?

Em meio a tais questões, enquanto chego a um cruzamento,
Um grave acidente:
Em alta velocidade, um carro bate e capota várias vezes
E então, para ajudar, corro

E lá chegando
- Espanto!
É um carro cinza, como os vistos anteriormente

Forço a porta que está travada e amassada com o acidente e…
E o meu susto e terror são os maiores e mais terríveis possíveis:
- Coberto de sangue e inconsciente, me vejo!

Choque!

Acordo,
Mas não consigo me mexer
Nem ao menos gritar,
Todo o meu corpo dói, como se estando totalmente partido
Enquanto médicos tentam me libertar das ferragens
Que não me querem soltar

De olhos abertos,
Posso, agora, perceber melhor os fatos:
- Era eu, em todos os momentos, o homem do carro!
Vaguei pela cidade, cruzando sinais em alta velocidade,
Não me importando com mais nada
E sem nunca tendo parado para,
As coisas simples da vida,
Observar

E o pior de tudo
É ter somente percebido isso nesse estado…
- E que estado esse seria?
Um sonho consciente de tudo o que, inconscientemente, vi?
Ou quem sabe seria a minha alma que de meu corpo saiu?
Talvez seja o passar da vida diante dos olhos?

Frio…

Meus pensamentos se confundem…
Parecem mais lentos estar…?
Não sei… nada sei…
Estaria eu… ?

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